Sinto-me estranho. Ninguém por perto, tudo é silêncio. Minha cabeça gira também. Devem ser as memórias de uma mente com muitas lembranças. Como estamos em tempo de Carnaval, é a partir dele que as lembranças se instauram. Eu me lembro quando eu tinha 16 anos e o carnaval era uma data muito esperada. Eram anos incríveis, eu e meus amigos nos preparávamos para ir ao baile de carnaval; cinco noites e duas matines. A graça maior era beijar, beijar muito. No final de cada noite sentávamos todos drogados e fazíamos as contas para saber quantas meninas havíamos beijado; acho que era a verdadeira baba antropofágica.
As histórias de carnavais são tantas, mas a minha preferida é que compartilhei com um amigo em especial, o vulgo Nogueira. O Noguer´s como o chamamos carinhosamente, sempre foi o diferente da turma, enquanto o resto do grupo fazia um rodízio de beijos, ele sempre estava com uma namorada. Mas eis que em um carnaval, lá por volta de 1996, Nogueira havia terminado um namoro, e decidira cair na gandaia conosco. Todos ficamos surpresos.
Com cervejas, lança, baseados e cachaça, nos preparamos para o primeiro dia de festa. A prévia rolou tudo bem, ficamos um pouco mal, mas o Cesinha conseguiu dirigir até o clube numa boa. Logo chegamos e fomos festejar, e lá se iam as musiquinhas... “O seu cabelo não nega mulata...”. “Isso aqui virou tutti frutti...”. Depois de mais cervejas, Nogueira aparece com uma de nossas amigas de infância. A Tati que estudou conosco até o quarto ano do primário e depois sumiu por uns tempos; o noguer´s a encontrara no meio do salão. Não demorou muito para que tanto a Tati como no noguer´s, ambos bêbados e caindo pelos cantos, se beijassem; parecia uma corrida para saber quem ficava mais louco.
Passada a primeira noite, fizemos a reclamação ao Nogueira, e as mulheres que você ia beijar? Ele dissera que ficaria para a próxima noite. Na noite seguinte outra prévia, essa que começou por volta das 2 da tarde. Primeiro foram as cervejas, em seguida fizemos uma roda com um solvente de borracha. O circulo do solvente era para ver quem caia primeiro e que agüentaria mais. Circulo fechado, lá estávamos nós, na primeira volta todo mundo dava uma sugada no negócio, na segunda, duas e, assim por diante. Eu não lembro quando tudo terminou, minha memória voltou a registrar apenas algumas horas seguintes, quando com uma dor na cabeça tremenda levantei. Ouvindo a música leãozinho do Caetano, que se repetia de forma incessante no aparelho de som, fui ao banheiro e para a minha surpresa, lá estava desmaiado com a cabeça enfiada no vaso sanitário o Nogueira.
Passado algum tempo, consegui reanimá-lo para seguirmos em direção ao objetivo mor, o baile. Logo todo mundo começou a acordar do sono mítico e após algumas horas todos já estávamos prontos para outra noite.
Bom, para encurtar a história o Nogueira ficou com a Tati todas as noites, incluindo as duas matines. Não seria nada anormal para Noguer´s. Hoje Nogueira e Tati estão casados e, juntos têm uma filha muito linda, a Sara.
Essas são algumas lembranças boas que percorrem minha cabeça em tempos de carnaval
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