Estou sentido a minha carne queimar. Minha descrença é tão grande que o seu fel a percorrer o meu corpo fragmenta todo um mundo que eu pensei que existia, e que agora talvez não exista mais. Estou tentando sobreviver, mas não sei se quero. Acho que morri e a morte é o que demais bonito pode acontecer em mim, pois talvez eu possa renascer para uma outra vida.
Não sou racional, nem ao menos um pouco, sigo a voz que grita dentro de mim; ela indica o caminho a seguir. Sigo, não penso em certo ou errado, apenas sigo como um cego, como Woody Allen em dirigindo no escuro. É uma voz sempre ao extremo, este que pode estar na trave, ou ser entrave, mas que na maioria das vezes vai além, muito além do limite e ao ultrapassá-lo fica fora de parâmetro, simplesmente extra-polado.
Eu amo, porque amar se aprende com uma vida e não se esquece da noite para o dia. Também perdôo, todo mundo é perdoável, afinal somos humanos, demasiado humanos. Duas ações que seguem em direção ao outro, que expressam o cuidado com o outro, contudo eu quero um momento para pensar em mim e da minha insanidade pode acontecer tudo, sou imprevisível.
Pensar em mim é o que de pior pode acontecer, sou meu próprio carrasco e geralmente sou auto-destrutivo. Eu ainda estou em um momento Nada, um momento sem querer saber, sem querer mexer na ferida, apenas deixando o barco seguir o mesmo rumo. Mas aqui dentro está queimando e se eu não suportar vou ser egoísta, porque pensar nos outros é o pior que me acontece, a faca sempre corta do ventre ao peito.
Não sou conquistador. Quem conquista domina, detém um território e eu nada tenho, nada conquistei. Sou mais um compartilhador, quero compartilhar. Eu tinha o sonho de compartilhar um mundo e para isso construí um barco-sonho. A cada dia remei com esse barco, algumas vezes contra a maré, mas dia após dia empreguei todas minhas forças em direção a ilha que pensei que conhecia, até que percebi que a ilha não está mais no mesmo lugar e todos os esforços pareciam em vão.
Infelizmente dentro desse barco o navegador é um Odisseu misturado a Jack Sparrow; ao mesmo tempo em que vai a direção de sua Penélope na ilha, não tem escrúpulos para garantir que sua vida esteja sendo cuidada por sua amada.
O mar sempre foi um dos grandes desafios de Odisseu, para seguir a sua viagem de volta à amada ele estava enfrentando seus medos, monstros e se preparando para o maior desafio Poseidon, mas para parte Jack estava sendo uma agradável viagem para um lindo tesouro.
Um herói e um anti-herói convivendo em um mesmo corpo, que descobrem que não somente Penélope cedeu as tentações, mas que também viu que sua vida não estava sendo cuidada. Como não sou nem Odisseu nem Jack Sparrow, e eles apenas vivem em mim, eu decido se vou navegar ou não, se após tantas batalhas vou enfrentar Poseidon ou não.
Os dois, como todos os milhões que vivem em mim, apenas querem que Penélope seja feliz, mesmo que tenham perdido a vontade de alcançar ilha e de compartilhar a vida.
Deixar os mares e vir a ser conquistador é muito mais fácil, porque essa identidade procura um território, o domina e explora tudo que puder, pelo tempo que quiser, e em seguida parte para outro, sempre com o mesmo objetivo, seduzir e destruir ao estilo magnólia. E em um mundo capitalista no qual a aparência virou essência, esse estilo de vida eu posso comprar para me proteger de qualquer fel que venha aplacar meu corpo.
Ai está o entrave, o limite. A configuração que poderá ser engendrada só depende dos universos subjetivos que atingirem o nada que eu me tornei.
No comments:
Post a Comment