Tuesday, March 20, 2007

Esforços

Não tenho estado muito bem. Tenho dores. Queria que passassem de uma vez, mas elas vão e voltam. Me incomodam. As vezes apenas arde, mas sempre mantém um incomodo em meu corpo. Mas tudo passa, tudo vai passar.
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Eu queria escrever muita coisa triste, porque estão todas aqui, crescendo, e algumas pessoas vão aguando, aguando, aguando...
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Eu quero pensar em coisas boas, de coisas que meus amigos me dizem e que realmente me incentivam.
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Miss Clown me faz falta. quem com tanta alegria e risos secará minha tristeza.
Silveira me faz falta. Quem com tanta inteligência e desassossego irá por meu devir em fluxo criativo. Mas já vi que ele arrumou uma maneira.
Bh me faz falta. Quem diria que ele um dia deixaria de me torrar a paciência.
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Sei que estou indo para uma outra terra. O que há por lá eu não reconheço mais. Talvez como Basquiat eu esteja buscando uma imagem do passado pleno, guiado por um presente vazio.
O que tem medo de perder o homem que nada tem?
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Preciso de uma garrafa de vodka para afogar minhas magoas e, depois devolver ao mundo a bile amarga que me fez engolir.
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Estou indo para EGOCITY. Já comprei minha identidade feita de papel marchè. Minhas roupas são estilo prêt-à-porter. Um minidesfile de vaidades na maior roda gigante do mundo. Minha aparência virou minha essência. Agora assumo a minha identidade capitalista; alto, forte, adventure style; o perfeito atleta pós moderno com musculos esculpidos a hormonio do crescimento. Outra vez quando chego em uma balada pareço com uma estrela de cinema; todo mundo vai olhando para mim. Deixei de me sentir o verdadeiro bozo do pós-moderno, para, agora vestir a identidade do popular. Vai tomar no cú.
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Seria mais fácil ser capitalista para mim.
Ser comum mesmo dentro da minha loucura é dolorido.
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Para relembrar o que eu Escrevi a algum tempo ai vai um trecho do texto "Ciência Travestida" que será publicado na Caros Amigos do Michel.

Dona Ciência, sua fêmea travestida de homem, cafetina que trabalha em benefício da desgraça que a construiu, fode a multidão, esculacha-a, transforma-a em povo maldito, a faz se arrastar pelas calçadas, droga-a, se não por sua invenções químicas, com a sua arma sinistra, a televisão. Meretriz do capital, transforma os degenerados que não vieram de você em múmias paralíticas, corpos plastificados, passivos, chapados, e os coloca à frente de uma caixa que fala, um quadrado que nos engole, nos consome e nos torna a universal boca de merda; “oquidão” sonora que desmancha no ser e que nada atinge, só porque assim deseja.

Maldito seja o capitalismo cognitivo[1] que te agencia, mãe travestida, fêmea-fordista, pós-fordista, você petrifica o corpo, apaga os traços do que seria uma humanidade, apaga a nossa ontologia, apaga a vida. Cria um futuro distante, enfia-nos goela abaixo a fé de que esse futuro chegará, constringe, restringe o nosso presente, e nesse caminho a vida se apresenta mais precária e condenada.



[1] Negri, A. Cinco lições sobre o Império. 2004

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