Saturday, May 12, 2007

fragmentos de uma autogiografia

Não saberia por onde começar uma biografia minha. Talvez fosse interessante dizer sobre minha infância, na qual tudo começou mesmo eu não sabendo. Por volta dos 10 anos meu tio me chamou para assistir um filme, pasmem, era Laranja Mecânica do Kubrik, nem preciso dizer que essas imagens estão impregnadas em mim, depois do Kubrik vieram outros e outros. Ele sempre fomentou minha curiosidade.
Mas ainda preciso voltar um pouco, antes do meu tio tinha meu avô, que foi tão importante como meu tio. Ele também mexia com minha curiosidade, e fazia realidade das minhas imaginações. Ainda lembro quando ele me fazia colocar meu dente de leite no buraco da formiga para ela me trazer dinheiro.
Essas duas pessoas em suas simplicidades plantaram o desassossego dentro de mim.
Depois dos 8-10 anos passei a viver em ambiente burguês, algo lá dentro gritava dentro de mim que era um mundo fictício, mas não sabia o que gritava.
Até os 14 anos minha vida estava encaminhada para reproduzir a mesma que meu pai levava, proletário forte, submetido a um regime de trabalho que como diria Negri, Spaca la squiena (acaba com as costas, com a vida). Entrei para o Senai, passei a estudar a noite, meu objetivo era o de ser um Eletricista. Mas com o passar do tempo meu pai passou a ser o chefe do mais proletários, e com um milagre conseguiu abrir uma empresa. Lá fui eu do Senai para um colégio particular, afinal meus pais não queriam que eu tivesse a mesma vida que eles tiveram.
Quando entrei na universidade ainda estava com o burguês incorporado, mesmo tendo aquele garoto arredio que contestava tudo. Na universidade nada me entreteve, os professores ficavam reproduzindo aquele discurso “o que é bom é dinheiro no bolso” e eu mandando todo mundo tomar no cu.
Eu não conhecia muito do mundo, era um garoto provinciano, de uma cidade, ou melhor de um Feudo. Quando comecei a namorar a Flávia, que todos conhecem, minha cabeça começou a abrir. Ela era uma menina que vinha de uma cidade diferente, de uma família com muita cultura e mostrou para mim que a vida, que o mundo, era muito maior do que eu conseguia ver. Com a Flávia surgiu a vontade de sair do Brasil, de conhecer outros mundos, o apoio dela sempre esteve incondicional para eu me torna potência.
Com o passar do tempo fui ficando mais puto, o corpo já não agüentava tanta mediocridade. Por algum motivo a Pscanálise, os mistérios do insconsciente me atraiam, era nesse meio que queria estar. Foi quando apontei para o único lugar no qual poderia desenvolver esse meu lado, que era a psicologia do esporte. Mas ao estudá-la percebia ocontrole da mente que ela fazia, mas meio preso aos dogmas universitários não conseguia deslocar.
Quando terminei o curso estava putissimo, queria fazer o mestrado para poder fazer algo diferente de toda a merda que haviam me jogado. Fui barrado no mestrado por duas vezes, alegavam que eu não estava preparado o suficiente. Foi quando empreendi uma busca pelo conhecimento sozinho, decidi sentar o cu na cadeira e ler os livros, pois não me achava tão medíocre a ponto de não poder conhecer alguma coisas dos livros.
Comecei a estudar as ciências, como foram constituídas. Era como caminhar no escuro.
Quando estava em uma festa do Charlie, pois ele havia conseguido a bolsa da Fapesp, conheci o Romualdo. Estava lá e comecei a meter bala, dessas nervosas que eu disparo, comecei a falar dos professores de merda que havia na universidade e tal. O Romualdo pegou meu e-mail e disse que me escreveria. Juro que pensei se tratar de mais um caso daqueles em que o e-mail seria lavado junto com a calça pela empregada no dia seguinte. Para minha surpresa, na manhã seguinte, lá estava na minha caixa de e-mail a mensagem do Romualdo marcando o encontro comigo.
No dia do encontro cheguei lá e falei da Psicologia do Esporte, do que eu até aquele momento havia feito e estudado, foi quando o Romualdo disse que não poderia fazer muito por mim nesse campo. Como aquele ultimo suspiro soltei a frase que estava dentro de mim; Na verdade só entrei nessa pq queria estudar sobre a Psicanálise, então tudo mudou. Logo o Romualdo me passara um texto da Suely e minha vida acabava tomando outro rumo.
Entrei no mestrado, me tornei mais arredio. Passei a ler coisas que pareciam terem sido escritas para mim. Elas davam linguagem para todo esse mal estar que havia no meu peito há anos. Suely, Deleuze, Negri, Guattari e por ai a fora. Em pouco tempo eu havia me tornado maldito e todos no mestrado me odiavam, nem preciso dizer que eu adorava isso.
O mestrado foi muito bom, pude ler todas essas coisas que eu gosto, alem do que pude viajar para Itália.
A Viagem para Itália eu devo ao Pedro que fez uma política dos infernos na Geografia. Efui eu lá com um projetinho no dia seguinte mostrar o porque eu poderia ir para Itália, mesmo sendo da Educação Física. Poucos meses depois, lá fui eu. A vida na itália me ensinou muitas coisas, pude ver outro mundo, outra língua, outra cultura; pude me compor de outras subjetividades, além de ver o Negri e o Marc Auge e falar com o pessoal do Tutti Bianchi e dos movimentos de maio de 68.
Essa viagem para Itália me rendeu também a viagem ao Equador, que e também foi um outro mundo.
DO resto não preciso me alongar muito, você me conhecem e dividiram comigo tudo isso.
Mas isso é minha vida que escorre.
Agora se eu fosse fazer uma cartografia de mim mesmo, que foi o que fiz da outra vez que sumiu. Eu Ia falar de como eu me tornei cada Reflexivo, como cada um de vocês. Silvio, Pedro, Rafa, Max, Renan, Vitor, Jundiaí, Chuwbaquinha e outros fazem parte do que eu sou. SE eu sou esse cara que sabe mais ou menos alguma coisa é por vocês e pela Flávia que sempre me incentivou!

ABS

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