Tuesday, January 23, 2007

ponto final

Você enfia a mão no meu coração e tira minha vida aos poucos; me faz sangrar. Não satisfeita ainda estrangula minha garganta, fazendo-me sentir a pior das angústias.

* * *

Se não falamos de uma coisa, é como se ela jamais tenha existido. Damos realidades as coisas quando falamos dela.

* * *

Quero escrever, mas em minha mente vêm apenas pensamentos esparsos de dores sentidas. Faca maldita que corta o ventre e entorpece a mente; delírios de uma noite de verão. Idéias esparsas de um homem insano. Gostaria de tirar minha vida essa noite, seria um ato de coragem; cortar meus pulsos e ver a vida escorrer gota a gota pelo piso frio do meu quarto. Depresso, talvez nem você nem ninguém me conheça; falta o cuidado. Morto, amanhã não teria que acordar, não precisaria esperar o seu telefonema e não me preocuparia com mais nada. Em seguida viriam as choradeiras tardias e as preocupações momentâneas. Choradeiras idiotas de pessoas que nunca se preocuparam e nunca tiveram o cuidado. Então as pessoas começariam se culpar por não terem estado presentes o suficiente em minha vida, por não terem me escutado, por não terem estado ao meu lado quando eu precisei. Amanhã todos estarão ao lado do meu caixão quando eu menos precisar; quando estarei morto. Já colocaram o fio da navalha sobre a pele como faço agora? Começa a vir àquela dor aguda, o coração começa a disparar, a garganta vai se desestruturando, as pernas bambeando. Eu sigo mesmo com todas essas sensações, enfio um pouco mais a faca no meu pulso; minha pele clara, quase transparente, me permite direcionar a navalha em a uma veia; a dor fica mais aguda, vem uma vontade gritar, mas travo o maxilar com toda a minha força. Uma parte de mim agoniza por parar, mas a outra quer ver a carne dilacerada e o sangue escorrendo. Respiro fundo aperto a navalha e a puxo, cortando mais um pouco da carne fazendo o sangue-vida escorrer para fora do meu corpo. A dor vai se tornando mais intensa e as lágrimas começam a escorrer. Is it a crime? A navalha chega aos meus tendões; posso ver a sua cor branca. A força que faço não é o suficiente para cortá-los, eles apenas são arranhados. Sigo com o corte e o fluxo do sangue-vida aumenta, as gotas que escorrem do meu pulso já estão tocando o chão; pequenas gotas que mudam o marrom tosco do pavimento em vermelho vivo. Uma tontura toma minha cabeça, mas eu não desisto continuo a corta a carne do visível. O fluxo de sangue aumenta, para o braço esquerdo já é o suficiente. Troco à navalha de mão. O sangue começa e impregnar tudo, impregnar meu teclado, minha roupa, mas não desisto, existe um outro pulso a ser cortado.

Sentindo a dor do braço esquerdo, a vertigem que me toma, o sangue me suja, sigo em frente. Encosto a navalha no braço direito, em meio ao punho; agora não quero fazer um corte grande, na superfície, mas sim profundo, até atingir a carne do invisível. Coloco a ponta do canivete suíço e vou introduzindo em meu braço, a dor é menor, talvez seja a drogas naturais do meu corpo que já tinham entrado em funcionamento. Droga, estou sujando tudo de sangue. Enfio a navalha, meu braço todo dói, meu queixo treme, meu coração está totalmente fora de rítimo, é essa vida de merda se esvaindo. O sangue escorre mais no braço direito, acho que quanto mais fundo, mais sangue arterial, mais fluxo. Em meio aos meus tendões está preso o meu canivete suíço, quase que posso solta-lá, acho que ele ficaria parado, enterrado em minha carne. Não estou conseguindo mais escrever, a dor é muita, muita mesmo. Minha vida está escorrendo por todo lado, manchando minha roupa, minha mesa, minhas coisas, se alguém estivesse aqui jogaria minha vida em sua cara. Mas por hoje prefiro morrer sozinho.

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