Thursday, May 24, 2007

Devir água

Eu pulo na água, meu corpo resfria um pouco. O ar sai dos meus pulmões em forma de bolhas. O silêncio me toma. Fico submerso por um tempo e olho para o azul a minha volta.
Braçadas e abraços
Vou seguindo com a força do meu próprio corpo, braçada após braçada, pernada após perna.
Uma virada, outra virada; um revés.
Braçadas e abraços
Eu e água em comunhão, nos tornando apenas um. Inspiro, expiro; faço bolhas.
Nado mais rápido, querendo chegar ou voltar com velocidade.
1000-1500-2000-2500-3000-3500-4000 metros
Vertigem que me toma.
Água quente; o suor silencioso flui do meu corpo.
Você já sentiu o suor silencioso?
Braçadas e abraços.
Vou voando pela água. Vou como um golfinho fazendo ondas, marolas. Serei eu um golfinho ou maroleiro?
Braçada após braçada vou chegando mais perto de mim, vou meditando sobre mim mesmo, sobre minha vida.
Já não sinto mais meu corpo e nem percebo meus pensamentos, tudo branco.
Corpo quente, água quente, como se houvesse submergido do liquido amniótico, do útero materno; eu renasço.
Braças e abraços
Eu em comunhão comigo, com o outro e com o mundo, renascendo a cada encontro.

1 comment:

Rafa said...

Vinícius de Moraes passava horas na banheira. Dizia exatamente que se sentia na barriga da mae, por isso o fazia.
abracao Michelangelo


 
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