Uma plenária nacional está para iniciar. A mesa é declarada, fazem parte dela pessoas do partido PSTU. O meu mal estar é aparente; o movimento não era contra a a inserção de partidos políticos? Olho para um lado, olho para o outro, milhões de jornalistas, muitas máquinas fotográficas. Logo se inicia a plenária.
O Primeiro momento vem uma moça, a qual toma o microfone e pergunta para o presidente da mesa. Quem é você para falar em nome dos estudantes? Você foi expulso da ocupação por tentar violentar uma garota! Como pode estar ai querendo falar em nome de alguém? Nesse momento os sons eram apenas de vozes e flashs das máquinas fotográficas. Um prato cheio para mídia.
Iniciou-se o entrave partidário nojento. Pessoas que não sabiam o que estavam dizendo e que não tinham dimensão real do poder contra o qual estavam lutando. O show de horror continuo com os dizeres, o movimento está enfraquecido, não conseguiremos fazer com que os decretos caiam. Um pensamento passava pela minha cabeça: como eles querem mudar em um mês um sistema que é produzido a mais de 40 anos nas universidades. Mudar em dois meses tudo isso? Essa é a luta?
O show de horror continuou, mas sem a minha presença.
* * *
Plenária de Rio Claro após a ocupação. Outro show de horror. As mesmas questões: o enfraquecimento do movimento, a impotência diante dos decretos. As crianças revolucionárias falam da maturidade que ganharam na luta de ocupação dos grandes 28 dias e de como o movimento havia se desgastou. Agora vamos lutar pela pauta dentro da nossa universidade, pelas melhorias aqui dentro era o grito
A frase que não me sai da cabeça é "Perdoai-vos senhor, eles não sabem o que fazem". E não sabem mesmo. Sabem tudo sobre uma coisa: Decretos. Mas não sabe nada sobre lutas, sobre poder, sobre biopoder, e serão retalhados. As discussões seguiram até a madruga e continuaram na mesma batida, alguns até levantaram nomes de pessoas que tentaram fazer diferente, pessoas as quais já tiveram na luta anteriormente, mas que foram reprimidas, pois desejavam uma luta contra um bipoder, e não o poder que a maioria queria combater. Alguns nomes foram lembrados, e alguns se questionavam sobre o motivo de seus afastamentos.
Enfim, eles nada sabem sobre o poder, sobre biopoder, e de modo geral, não conseguiram o que desejavam. Agora se discute uma parada estratégia para as férias; nas férias não se faz luta, vamos para praia descansar e depois voltamos a brincar de revolucionários.
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